sexta-feira, 1 de maio de 2009

DESESPERO


léa anastassakis


Os versos sobem pelas paredes
E cantam aos meus ouvidos sonetos bestiais.
Os vermes do chão comem meus pés
As mãos e o peito. (Pior que tudo, o peito).
Corro. Atrás de mim, o medo. É cedo.
A madrugada me cerca e me sufoca.
No peito, cresce a ferida. Sou quase morta...

A morte, de onde parte, tão longe, que não chega?
Esses duendes invadem-me a cabeça.
Já nada vejo, essa tristeza negra!

Tateio. Há teias de aranha na parede,
E em mim também hão de haver, as vejo!
Cercam-me, tecendo-me a mortalha.
E a morte, por que tarda?
Dá-me tempo de ainda ter anseio,
De sonhar com coisa que não creio?
Quero partir de vez, deixar de ser,
Mas não ficar morrendo, aos poucos, pra viver...

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