Estão, portanto, em lugares onde haja boas energias, cores variadas, aromas doces e sutís, água limpa e fresca, brisa suave. Mas também podem estar nas festas, onde hajam doces, crianças, música, risos e brincadeiras.
Meu sogro trazia doces sempre que nascia um filho meu. Dizia que era para atrair as fadas que trariam boa sorte para as crianças. Daí também porque levamos flores quando as crianças nascem. Elas nos protegem e consolam, especialmente às crianças, e mais ainda quando estas se sentem desamparadas ou tristonhas. Fazem com que lembrem alguma coisa boa e esqueçam suas tristezas. Ás vezes, são tão convincentes que fazem as crianças darem risadas sem qualquer motivo aparente. Acalentam para que durmam serenas e tenham belos sonhos, que alegram suas almas, fazendo com que acordem felizes pela manhã, podendo se deslumbrar com a luz do sol, o verde das folhas, o gorjeio dos pássaros, o rebuliço dos outros animais, o vôo das borboletas, o canto da brisa, o ondular das montanhas, a brancura das nuvens e o azul do céu.
Eu descobri as fadas quando era menina. Minha mãe costurava e eu a ajudava fazendo bainhas e prendendo botões. Trabalhava muito para ganhar poucos centavos. Assim, tinha que guardá-los por muito tempo, até que houvesse uma quantia suficiente para comprar um gibí onde podia ler lindas histórias. Então soube delas.
Lia e relia aquelas histórias, que eram quase que meu único prazer de menina. Não tínhamos senão um único livro em casa. Livro muito antigo, de folhas amareladas e quebradiças que havia sido do meu pai, na sua infância. Esgotadas as histórias desse livro, as novas vieram das minhas queridas revistinhas, Princesinha e Contos de Fadas.
Minha mãe proibia a leitura de gibis, o que me fez colecioná-los às escondidas. Escondê-los, foi, durante muitos anos, uma tarefa incrível, em que empregava muito da minha imaginação. Tanto que quando jovem, ao sair de casa para morar sozinha, tinha reunido um número bem grande dessas revistas. Deixei-as lá, na casa de meus pais, onde acabaram sumindo, para minha imensa tristeza.