ABSTRATEMPO
léa anastassakis
Por que
persistimos
Em
marcar no relógio o tempo
Como se
fosse algo apreensível
Ou
traduzível em qualquer medida
Podendo
assim ser aferido
Em
fórmula final indiscutível?
Quanto
dura o minuto
De um
beijo
Da espera
de socorro
Do
embarque do filho
Da
união dos corpos?
Não
haverá um só minuto
Equiparável
a qualquer outro
Se um
se expande em desespero
Outro
se encolhe num festejo
Enquanto
um é perda, o outro é ouro.
Se este
flutua, é barco à deriva,
Por
força das águas conduzido
Aquele
plaina, tal folha ao vento
Que nas
viradas da pressão oscila
Outro
como peixe ensaboado
Pelas nossas
mãos vai escorrendo
E num
instante ei-lo então perdido.
O tempo
não nos dá tempo
Para
observá-lo por um tempo
Numa
folha de pesquisa
Para
estudá-lo como faríamos
Com a
borboleta ou o besouro
Numa
situação ele é demais
Noutra é
de menos
Mas ao
fim nos sujeita sempre
Podendo
nos fazer quais loucos
Ora é
inimigo que jamais vencemos
Ora o
buscamos como a um tesouro
E por
mais que o persigamos
Em
tempo algum o alcançamos a tempo
De
desfazer o mal que praticamos
Ou
refazer o que jamais fizemos.
12
abril de 2015 às 23:43, domingo