terça-feira, 23 de junho de 2009

Mulher líquida


léa anastassakis Maio-2009

És a que vertes
sangue, por filhos não gerados
humores, como fonte de atração
suores, ao parir os seus amados
leite, prá acalmar sofreguidão
saliva, no prazer e em doação
lágrimas, de dor ou emoção...

És tantas...
diáfano riacho sussurrante,
profundo lago sereno,
violenta vaga marinha,
doce onda pequenina,
temporal intenso,
morna gota pluvial,
cachoeira esfuziante,
fonte quase oculta.
És gota e mar imenso

És líquido transparente
versátil, incontida.
Nenhuma mão te prende,
escorres.
Volátil, evaporas,
purificas, transformas,
e voltas sempre
a saciar sedentos,
a germinar frutos,
a limpar caminhos,
a esculpir relevos,
a arrepiar mamilos.


És líquida,
és água,
és vida,
és mulher.