segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

UM FILME PARA VER E PENSAR: Cidade dos anjos



Costumamos ser tremendamente indiferentes ao supremo bem que nos é legado, desde nossa primeira inspiração: A VIDA.

Muitos, vivemos como que levados por um turbilhão, em busca de algo que não temos bem definido, mas que perseguimos, sem nos dar oportunidade de desfrutar a plenitude das coisas mais
simples e elementares postas à nossa disposição, quase sem grandes esforços, possibilitadas por nossa condição humana, e que são, enfim, a essência da felicidade.

Assisti, outra vez, "Cidade dos anjos" e não pude deixar de, mais uma vez, ser arrebatada por sua mensagem clara e concisa.

Nesse filme, um anjo, que vem acompanhar
um doente que não sobrevive a uma cirurgia, defronta-se com uma médica que se angustia ante a inevitabilidade da morte. O anjo acaba por ela se apaixonando.

Confrontado com esses novos sentimentos, o anjo resolve tornar-se "um decaído", o que lhe permitirá viver como humano, e assim, tornando possível fazer uso das sensações captadas pelos sentidos e elaboradas pela nossa psique.

Com essa iniciativa ele torna-se apto à percepção das sensações corporais, como o tato, o olfato, a audição, o paladar, a visão, percebidas como PRAZER, desfrute, fruição, mas também como DOR, sofrimento, impedimento...


Para tanto, também ele, como nós humanos, faz uso do LIVRE ARBÍTRIO, nossa capacidade de escolha, que deixa a cada ser humano a responsabilidade pela decisão ante todas e cada uma de nossas ações, pensamentos e palavras.

Abdica, assim, de bens maiores que, na qualidade de anjo, desfrutara; a eternidade, o entendimento de todas as línguas, a leitura do pensamento, o auto-transporte, em favor daquilo que nos possibilita a vida: as sensações decorrentes do fato de ESTAR VIVO.

Com o que adquire a capacidade de sentir o sabor especial de cada fruta, o perfume sutil das mais variadas flores, a diversidade de maciez dos corpos, o calor acolhedor de um banho, a sensação inebriante das gotas de chuva no rosto, o abraço indelével do sopro do vento, a carícia dos grãos de areia nas solas dos pés, o arrebatamento de um mergulho no mar, a magia das cores no céu, nas matas, nas flores, nos insetos, a variedade infinita das formas, o sabor indefinível de um beijo, o enlevo indescritível do prazer sexual.

O que implica, em consequência, em também conhecer e vivenciar todas as limitações e agruras decorrentes dessa mesma condição humana; as necessidades fisiológicas, as doenças, a dor, o medo, as imposições sociais e econômicas, os limites à livre comunicação e locomoção e, especialmente, o confronto com a MORTE.

Para ingressar no mundo dos humanos, o anjo renuncia e submete-se às leis da realidade. Renuncia à onipotência (castração) por meio do corte no vínculo especial que havia entre ele e Deus. Mas com isso, torna possível sua participação no convívio extraordinário com os humanos.


CIDADE DOS ANJOS - 1998 - EUA - 117 min.
Direção: Brad Silberling
Nicolas Cage, Meg Ryan, Dennis Franz.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011



NOITES DE BUENOS AIRES


En la noche buena
É preciso estender a madrugada
como um lençol king
Para cobrir a falta
Que não se sabe qual...

Procura-se o que?
Espera-se o que?
Não certamente o que
Propaga a mobilização notívaga
Ni el tango se aprecia
Pero la copa se vacia...

Na noite longa suarenta
A voz do outro acaricia
Embala o coração saudoso.

O amigo que nos ouve,
Que nos fala, que nos guia,
Que se esmaga ao peito,
A provar de nossa história
a existência. E garantia
De que vale viver outras
Para aos amigos narrar.

Aos amigos que nos ouçam,
Adelante, algum dia...
En la noche d'outro lugar...